José Anselmo dos Santos
Nasceu no dia 13 de fevereiro de 1941, em Sergipe, filho de Joana Balbina dos Santos.
Em 1958 entrou para a Marinha, no Rio de Janeiro. Em 1962, filiou-se à Associação dos Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB) e no final do ano tornou-se presidente da entidade.
Foi líder durante a Revolta dos Marinheiros, que deu início à série de eventos que culminariam na derrubada do presidente eleito João Goulart em 1964.
Segundo relato do próprio Anselmo, depois de ser enviado a Cuba para treinar técnicas de guerrilha a fim de aplicar no Brasil, ao ver a realidade cubana e as condições de vida da população, mudou sua visão em relação àquele movimento. Voltou ao Brasil, foi preso e, como acordo, aliou-se ao governo onde tornou-se agente infiltrado das forças de repressão do governo militar. Anselmo coletava e fornecia aos militares informações que lhes permitiram capturar guerrilheiros e opositores da esquerda, incluindo sua noiva, que foi morta em uma prisão militar.
O livro conta com 255 páginas dividido em 03 capítulos. O prefácio da obra foi escrito por Olavo de Carvalho – professor, filósofo, ex jornalista, autor de vários livros – Olavo é um dos críticos mais ferrenho da esquerda brasileira, por isso temido por eles. Com uma inteligência acima da média desmonta qualquer argumento comunista. Nas últimas décadas residiu nos EUA.
O primeiro capítulo inicia com o relato desde a infância até sua saída da Marinha Brasileira, tonando-se um fugitivo.
Capítulo II relata sua ida para fora do Brasil, seu desapontamento ao ver de perto as consequências de um governo comunista, um povo subjugado, onde aqueles que não puderam fugir do sistema, obrigatoriamente se submetem à exploração e condições de vida análoga à escravidão. O capítulo termina com autor já no Brasil, onde foi preso e torturado.
Capítulo III segue com relatos dos acontecimentos e ações dos guerrilheiros e forças de defesas brasileiras. Discorre sobre sua sobrevivência clandestina e termina com o autor já, depois de conhecer de perto e participar do movimento, com suas ideologias e conceitos completamente mudados.
Prefácio: "O autor deste livro é, em toda a força do termo, uma não pessoa. Não tem emprego, não tem documentos, não tem como provar sua nacionalidade brasileira. Não tem nem mesmo como obter um vale-transporte ou a precária assistência médica que a lei assegura aos idosos. Se for assaltado ou esfaqueado na rua, não terá como registrar um miserável boletim de ocorrência. Embora viva e respire como qualquer um de nós, embora ocupe um lugar no espaço, embora raciocine e fale como qualquer ser humano e até melhor do que a maioria deles, há cinco décadas ele leva a existência fantasmal de uma hipótese não comprovada. Todos nós sabemos que seres humanos reduzidos a essa condição existem, mas não no Brasil, e sim em Cuba. Desde que Guillermo Cabrera Infante descreveu a vida deles no seu livro de memórias, tornaram-se conhecidos no universo e, em compensação da sua inexistência oficial no país dos sonhos do Sr. José Dirceu, ganharam perante a opinião pública civilizada a existência eminente de heróis da resistência anticomunista. Nosso personagem, embora tenha por sua vida supremamente honrosa o direito à mesma homenagem, jamais a recebeu. Sua inexistência é, por assim dizer, dupla: negada igualmente por aqueles a quem combateu e por aqueles a quem ajudou, tornou-se um dogma nacionalmente aceito, que este livro vem contestar em público pela primeira vez. O Cabo Anselmo, José Anselmo dos Santos, nasceu em Itaporanga d’Ajuda, Sergipe, em 13 de fevereiro de 1941. Entrou para a história nacional como agitador de esquerda e saiu dela, para não mais voltar, como informante da polícia. Os esquerdistas o abominam por motivos óbvios, os órgãos militares de informação preferem escondê-lo porque estão repletos de covardes e sicofantas que não podem nem querem sentir a diferença entre servir a uma nação e cortejar um governo. No entanto, examinando a biografia do homem, não encontro um só ato do qual ele devesse se envergonhar a ponto de desejar mantê-lo oculto. Em todos os passos da sua carreira ele agiu conforme a sua consciência, errando muitas vezes, é claro, como todos nós erramos, mas buscando a verdade e o bem com o melhor das suas luzes, com uma constância e uma coragem que fazem dele um exemplo raro neste país de oportunistas e acomodados. Este livro mostra isso com uma clareza impressionante. Talvez a agudeza da consciência moral que o autor revela nestas páginas não seja um dom de nascença, e sim o resultado pedagógico das situações complexas e contraditórias em que se meteu. Mas
quantos não passaram por situações análogas, vendo nelas apenas uma desculpa para afundar-se cada vez mais no autoengano, na mais abjeta mentira existencial? Anselmo, de fato, aprendeu muito. Digo mais: nunca encontrei, no Brasil, alguém que meditasse sua experiência de vida com a seriedade radical com que ele o faz neste livro. Neste país o senso moral corrompeu-se tanto que já ninguém concebe a existência de virtudes e pecados fora ou acima dos estereótipos ideológicos do dia. Ser um homem de bem, no Brasil, é ser aprovado pelo partido dominante. Matar, roubar, mentir e trapacear pelo partido, então, é graça santificante. Nessas condições, não creio que entre as classes falantes este livro será muito bem recebido. Sem dizer uma única palavra contra ninguém, ele é de ponta a ponta uma veemente peça de acusação contra a moralidade nacional. Se quer ter uma ideia mais nítida do que estou dizendo, leia o artigo que publiquei em 8 de setembro de 2009 no Diário do Comércio de São Paulo, sob o título “Dois Códigos Morais”.1 A entrevista do Cabo Anselmo ao programa Canal Livre2 (TV Bandeirantes, 26 de agosto) é um dos documentos mais importantes sobre a história das últimas décadas e mereceria uma análise detalhada, que não cabe nas dimensões de um artigo de jornal. Limito-me, portanto, a chamar a atenção do leitor para um detalhe: o confronto do entrevistado com os jornalistas foi, por si só, um acontecimento revelador, talvez até mais que o depoimento propriamente dito. Logo de início, o apresentador Boris Casoy perguntou se Anselmo se considerava um traidor. Ele aludia, é claro, ao fato de que o personagem abandonara um grupo terrorista para transformar-se em informante da polícia. Para grande surpresa do jornalista, o entrevistado respondeu que sim, que era um traidor, que traíra seu juramento às Forças Armadas para aderir a uma organização revolucionária. A distância entre duas mentalidades não poderia revelar-se mais clara e mais intransponível. Para a classe jornalística brasileira em peso, o compromisso de um soldado para com as Forças Armadas não significa nada; não há desdouro em rompê-lo. Já uma organização comunista, esta sim é uma autoridade moral que, uma vez aceita, sela um compromisso sagrado. Nenhum jornalista brasileiro chama de traidor o capitão Lamarca, que desertou do Exército levando armas roubadas, para matar seus ex-companheiros de farda. Traidor é Anselmo, que se voltou contra a guerrilha após tê-la servido. Anselmo desmontou num instante a armadilha semântica, mostrando que existe outra escala de valores além daquela que o jornalismo brasileiro, com ares da maior inocência, vende como única, universal e obrigatória. O contraste mostrou-se ainda mais flagrante quando o jornalista Fernando Mitre, com mal disfarçada indignação, perguntou se Anselmo não poderia simplesmente ter abandonado a esquerda armada e ido para casa, em vez de passar a combatê-la. Em si, a pergunta era supremamente idiota: ninguém – muito menos um jornalista experiente – pode ser ingênuo o bastante para imaginar que uma organização revolucionária clandestina em guerra é um clube de onde se sai quando se quer, sem sofrer represália ou sem entregar-se ao outro lado. Conhecendo perfeitamente a resposta, Mitre só levantou a questão para passar aos telespectadores a mensagem implícita do seu código moral, o mesmo da quase totalidade dos seus colegas: você pode ter as opiniões que quiser, mas não tem o direito de fazer nada contra os comunistas, mesmo quando eles estão armados e dispostos a tudo. Ser anticomunista é um defeito pessoal que pode ser tolerado na vida privada; na vida pública, sobretudo se passa das opiniões aos atos, é um crime. Não que todos os nossos profissionais de imprensa sejam comunistas, mas raramente se encontra um deles que não odeie o anticomunismo como se ele próprio fosse comunista. Essa afinidade negativa faz com que, no jornalismo brasileiro, a única forma de tolerância admitida seja aquela que Herbert Marcuse denominava “tolerância libertadora”, isto é, toda a tolerância para com a esquerda, nenhuma para com a direita. Mais adiante, ressurgiu na entrevista o episódio do tribunal revolucionário que condenara Anselmo à morte. Avisado por um policial que se tornara seu amigo, Anselmo fugiu em tempo, enquanto os executores da sentença, ao chegar ao local combinado para matá-lo, eram surpreendidos pela polícia e mortos em tiroteio. De um lado, os entrevistadores, ao abordar o assunto, tomavam como premissa indiscutível a crença de que Anselmo fora responsável por essas mortes, o que é materialmente absurdo, já que troca o receptor pelo emissor da informação. De outro lado, todos se mostraram indignados – contra Anselmo – com o fato de que no confronto com a polícia morresse, entre outros membros do tribunal revolucionário, a namorada do próprio Anselmo. Em contraste, nenhum deles deu o menor sinal de enxergar algo de mau em que a moça tramasse com seus companheiros a morte do namorado. Entende como funciona a “tolerância libertadora”? A quase inocência com que premissas esquerdistas não declaradas modelam a interpretação dos fatos na nossa mídia mostra que, independentemente das crenças conscientes de cada qual, praticamente todos ali são escravos mentais da autoidolatria comunista. Ao longo de toda a conversa, os jornalistas se mantiveram inflexivelmente fiéis à lenda de que os guerrilheiros dos anos 70 eram jovens idealistas em luta contra uma ditadura militar, como se não estivessem entrevistando, precisamente, a testemunha direta de que a guerrilha fora, na verdade, parte de um gigantesco e bilionário esquema de revolução comunista continental e mundial, orientado e subsidiado pelas ditaduras mais sangrentas e genocidas de todos os tempos. Anselmo colaborou com a polícia sob ameaça de morte, é certo, mas persuadido a isso, também, pela sua própria consciência moral: tendo visto a verdade de perto, perdeu todas as ilusões sobre o idealismo e a bondade das organizações revolucionárias – aquelas mesmas ilusões que seus entrevistadores insistiam em repassar ao público como verdades inquestionáveis – e optou pelo mal menor: quem, em sã consciência, pode negar que a ditadura militar, com todo o seu cortejo de violências e arbitrariedades, foi infinitamente preferível ao governo de tipo cubano ou soviético que os Lamarcas e Marighellas tentavam implantar no Brasil? Ao longo de seus vinte anos de governo militar, o Brasil teve 2 mil prisioneiros políticos, o último deles libertado em 1988, enquanto Cuba, com uma população muito menor, teve 100 mil, muitos deles na cadeia até hoje, sem acusação formal nem julgamento. A ditadura brasileira matou trezentos terroristas, a cubana matou dezenas de milhares de civis desarmados. Evitar comparações, isolar a
violência militar brasileira do contexto internacional para assim realçar artificialmente a impressão de horror que ela causa e poder apresentar colaboradores do genocídio comunista como inofensivos heróis da democracia, tal é a regra máxima, a cláusula pétrea do jornalismo brasileiro ao falar das décadas de 60-70. Boris Casoy, Fernando Mitre e Antonio Teles seguiram a norma à risca. Dessa vez, porém, o artificialismo da operação se desfez em pó ao chocar-se contra a resistência inabalável de uma testemunha sincera. Conhecendo as muitas complexidades e nuances da sua escolha, Anselmo revelou, no programa, a consciência moral madura de um homem que, escorraçado da sociedade, preferiu dedicar-se à meditação séria do seu passado e da história em vez de se comprazer na autovitimização teatral, interesseira e calhorda, que hoje rende bilhões aos ex-terroristas, enquanto suas vítimas não recebem nem um pedido de desculpas. Moral e intelectualmente, ele se mostrou muito superior a seus entrevistadores, cuja visão da história das últimas décadas se resume ao conjunto de estereótipos pueris infindavelmente repetidos pela mídia e consumidos por ela própria. O fato de que até Boris Casoy, não sendo de maneira alguma um homem de esquerda, pareça ter se deixado persuadir por esses estereótipos, ilustra até que ponto a pressão moral do meio tornou impossível a liberdade de pensamento no ambiente jornalístico brasileiro. OLAVO DE CARVALHO"
http://www.olavodecarvalho.org/semana/090908dc.html 2 http://www.averdadesufocada.com/index.php?option=com_content&task=view&id=2267&Itemid=34
Anselmo, tendo visto a verdade de perto perdeu todas as ilusões sobre o idealismo e a bondade das organizações revolucionárias. Ele pensa ter optado pelo mal menor, não nega que a ditadura militar foi violento e arbitrário, mas foi infinitamente preferível ao governo tipo soviético ou cubano que tentavam implantar no Brasil.
Ao longo de vinte anos de governo militar, o Brasil teve 2 mil prisioneiros políticos, o último deles libertado em 1988, enquanto Cuba com uma população muito menor teve 100 mil, muitos deles na cadeia até hoje. A ditadura brasileira matou trezentos terroristas, enquanto a cubana matava milhares de civis inocentes e desarmados. “Sabemos que houve excessos nas atitudes dos defensores da pátria, pois dos dois lados haviam pessoas que lutavam por acreditar em seus ideais e tinham certeza que estavam lutando por um Brasil melhor, mas também haviam os que amavam a subjugação, o poder, não importava qual era a causa. A luta era para continuar com uma nação democrática, um povo soberano, livre da ação do estado no controle de suas vidas. Se a esquerda comunista tivesse vencido, hoje seriamos uma Cuba, uma Coréia”(grifo meu).
Na introdução do livro Anselmo inicia com memórias da infância, do quão bom e prazeroso foi sua vida em meio ao carinho do convívio familiar. Lembrou do poder e da influência que os valores incutidos desde criança têm na formação do caráter do ser humano. Embora outras crenças e valores foram obscurecendo aqueles tão essenciais, ao deparar com a realidade do que era os reais objetivos daquele movimento que tinha um discurso, falsamente, patriota, o que havia dentro si incutido pela boa educação, o trouxe a realidade.
Ele lembra que embora tenha sido tachado de traidor, isso não o incomodou mais, desde quando teve acesso as informações contidas no livro negro do comunismo, escrito por marxistas franceses, denunciando toda a barbárie, atrocidades e rastro de sangue deixado pelos comunistas. Mesmo sem ter reconhecimento e ter sido deixado a margem da sociedade na clandestinidade, sente que contribuiu para que aquele movimento não entregasse o Brasil nas mãos da corja comunista, que queriam apenas poder. Estava com sua consciência tranquila.
Anselmo cita a criação do foro de São Paulo em 1989, negado pelo ex-presidente Lula, um acordo entre Fidel e Lula. Nasceu efetivamente em 1990 com a presença de mais de quarenta organizações guerrilheiras e partidos comunistas. O que foi negado por Lula, até que não foi mais possível. A intenção desta organização era mudar a estratégia de luta pelo poder. Viram que não foi possível pelo derramamento de sangue. A organização teve o papel de coordenar, doutrinar e comprar consciências para executar o projeto internacionalista comunista. A tomada do poder seria na lábia. A mídia negava essa existência, mas aos poucos foi contribuindo para eleger seus presidentes e gradativamente influenciando as massas e mudando a face cultural de cada país – Venezuela, Argentina, Peru, Bolívia, Guatemala...e Brasil.
O autor termina sua introdução relatando que muitas pessoas, como ele, foram motivados por suas crenças e valores que entraram em choque com os controles autoritários e a violência em seus variados aspectos.
O discurso da obra não segue uma ordem cronológica, inicia-se pelo fim.
O capitulo I inicia com a lembrança dos seus 67 anos em 13 de fevereiro, 2008, com o relato do lugar pacato e calmo onde morava – um sítio. Ali podia ler, escrever e ter acesso a um computador lento e ultrapassado, mas útil.
Na página seguinte ele descreve sua prisão que ocorreu em 30 de maio de 1971. Foi levado ao Departamento de Ordem Política e Social – DOPS. Sela insalubre. Não sabiam seu nome ainda. Alguns dias depois foi levado a sua primeira sessão de tortura.
No próximo título o autor pula para o ano de 2009, onde conseguiu contato com familiares. Relata quão prazeroso foi. E lembra que estava dando seus primeiros passos rumo a reconstrução de sua vida, quase senhor de seu nariz. Só não entendia porque não haviam devolvido sua identidade e a cidadania. Sua mãe veio morar com ele. Ela quase não o reconheceu devido a cirurgia plástica que havia sido providenciada pelo delegado Sérgio Fleury. Vivia nos limites da clandestinidade que impedia a convivência com amigos e familiares, devido aos que ainda atuavam nas sombras da esquerda radical. Neste relato ele lembra da sua primeira prisão em 1964, onde seus familiares foram procurados por policiais.
No título seguinte volta ao ano de 1972, onde tinha um trabalho informal que o ajudava a subsistir. Ainda tinha esperança que poderia ter uma vida normal. Lembrava que fora liberto de um mergulho ao inferno. Relata, ainda, sua infância na fazenda, a convivência com familiares, o trabalho do pai; sua doença e a mudança para a cidade.
No título “Voando no Escuro” o autor relata sua viagem para Paris, saindo de Buenos Aires. De Paris para Checoslováquia e depois Havana, Cuba. Em Cuba fora aprender as técnicas de guerras da guerrilha. No seguinte ele pula para 2014, quando reviu um amigo que o agradeceu por tê-lo ajudado no passado. Nesta época recebeu a visita de um delegado de polícia, ofereceu ajuda e o convidou a mudar de cidade para trabalhar. Deu aulas algum tempo em uma faculdade. Abriu um galpão febril em sociedade com o amigo, mas levou um golpe e faliu. O autor relembra que do fnaSão Paulo foi invadido por gente atrás de melhor condição de vida, os quais acabavam nas favelas, onde achavam empregos com renda mais atrativas junto ao narcotráfico. Nos anos 1990 o negócio da maconha progrediu para drogas mais pesadas. Os traficantes já contavam com armamentos mais pesados que da polícia.
Nas organizações de esquerda, as mulheres apareciam em número menor, mas em igualdade com os homens. Trocavam de parceiro como trocam de roupas. A moralidade era ser imoral. Chegou um momento de dúvida para Anselmo, pode ver que “na prática a teoria era outra”, ela estava diante da crueza do fanatismo ideológico. Percebeu que estava emburrecendo, idiotizanso-se. Se você se informa e escolhe um lado mais racional, é oposição e deve ser morto. Essa gente ele os conheceu de perto. Ao ver Fidel Castro de perto, sentiu aversão.
Citou o suicídio de Getúlio Vargas a renúncia de Jânio Quadros. Os comunistas queriam estabelecer no Brasil um república alinhada à Rússia Soviética, por isso os brasileiros foram as ruas pedir intervenção militar, o que ocorreu. Os países vizinhos que foram dominados por este sistema, hoje, a população está em extrema miséria, enquanto seus líderes corruptos cada vez mais ricos, como Fidel que sua fortuna era maior que da Rainha da Inglaterra, enquanto seus patrícios tinham que enfrentar longas filas para comprar um leite para seus filhos.
No título “pé na estrada”, relata o acidente que provocou a morte de seu pai, ele já com 16 anos. Após isso decidiu ser marinheiro. Nas próximas páginas relata sua experiencia como marinheiro, suas viagens pelo mundo, suas aventuras. Relata que os comunistas ativos nos sindicatos começaram a se aproximar das associações de cabos, sargentos e marinheiro. Foi ali que tempo depois entrou para o movimento, acreditando realmente estar ajudando sua pátria.
Leonel Brizola alardeava a formação armada, unindo operários e camponeses, que viria a ser um braço armado nacionalista, a palavra de ordem era tomar o poder. Os brasileiros estavam assustados.
Certo dia, os marinheiros estavam reunidos na associação, onde Anselmo já era o Presidente, foram cercados por outros soldados. Anselmo fez um discurso para eles, insitanso-os a entrar na luta pelos seus direitos que estava sendo negligenciados. Muitos deixaram suas armas e entraram no movimento. Mais tarde todos foram detidos, os soldados perdoados, e Anselmo perdera seu posto. No decorrer dos acontecimentos o impressa mal informada noticiou que Anselmo era um “Cabo” da marinha e que estava envolvido no marasmo. A partir daquele dia foi chamado de Cabo Anselmo, sem ser. E iniciou sua derrocada. Relata que foi abandonado a própria sorte. Não sabia da existência de asilo politico, o que soube mais tarde, ficando, assim, escondendo-se aqui e ali com ajuda de amigos. Pediu asilo na embaixada do México. Meses depois abandonou a embaixada e no dia seguinte foi preso. Ele lembra que os militares tomaram o poder sem dar um tiro se quer, não houve censura à imprensa. Os presos politicos foram liberados, exceto o “Cabo” Anselmo, que era muito perigoso. Fugiu com ajuda da organização trotskiana. Fiquei perambulando por algum tempo. Foi enviado para Cuba, por Brizola, onde conheceu de perto o sistema que queriam implantar no Brasil. No decorrer das negociações Brizola desiste dos seus planos e abandona-o a merce da sorte. Alguns amigos desistem do movimento e tentam voltar clandestinamente ao Brasil, tempos depois ele também volta com documentos falsos. Foi preso novamente, torturado, e acaba sendo convencido a ser agente duplo. Se arrependia muito de ter entrado para a guerrilha, se envergonhava do erro. Queria se redimir com a Bandeira traída. Sabia que se fosse instaurado aquela politica no Brasil, seria o fim da liberdade do nosso povo.
Anselmo ajudou a desmantelar aquele movimento, onde muitos dos adeptos foram mortos em confronto com a polícia.
Há relatos que muitos foram sequestrados e levados a morte. Houve barbárie dos dois lados. (grifo meu).
Anselmo recebeu outro nome e foi liberto. Ganhou um cirurgia plástica para mudar de feição. Teve alguma ajuda para o primeiro trabalho depois disso. Viveu escondido, pois a esquerda o queria morto.
Mas, no final era odiado pela esquerda, como traidor. E desprezado pela direita por ter sido guerrilheiro. Até hoje não conseguiu sua identidade de volta, todos os pedidos lhe foram negados. Nos últimos 10 anos saiu das sombras, foi entrevistado por Bial, que editou sua entrevista e o deixou como um tirano, por Boris Casoy...e por último no Roda Viva com Augusto Nunes em maio de 2021. Sugiro que assistam.
Não tem nome, não tem cidadania, tudo lhe foi negado, embora tenha contribuído para o sucesso da resistência contra os comunistas.
Vive da ajuda de amigos. Está com 80 anos.
No Lugar de Anselmo eu não levaria meus colegas, mesmo que marginais, à morte. Não dá para julgar porque não estávamos lá, mas não teria outra solução?
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